terça-feira, 14 de junho de 2011

INFLAÇÃO ANUNCIADA

Com a escolha do Brasil para sediar a Copa do Mundo e as Olimpíadas, os investidores do mercado imobiliário, apoiados pela imprensa (essa que os petistas chamam de PIG), prestaram um desserviço à nação brasileira. Assim, em época de ainda baixa inflação, iniciaram uma puxada dos preços dos imóveis, cujos efeitos somente os inocentes não seriam capazes de prever. Mas, o governo não tem inocentes em seus Ministérios do Planejamento, Banco Central e Conselho Monetário Nacional. Logo, a sua inércia em conter a especulação só se justifica pela conivência irresponsável com os gananciosos investidores, que injetaram fortunas desde o início da especulação.

Muito embora tenha havido gritos de advertência dos que anteviram o atual problema, o governo continuou a ignorar o fenômeno, possivelmente em nome da não intervenção no mercado, mas, com certeza, ciente do que viria a ocorrer.

Hoje, esses gananciosos investidores internacionais e "nacionais", financiadores dos  lançamentos imobiliários, associados aos construtores e corretoras,  estão vendendo os imóveis que construíram ou compraram, recentemente,  querendo realizar lucros exorbitantes, que chegam, em alguns casos, a mais do dobro do valor de dois anos atrás.

O problema é o imbróglio que aí está.

Os trabalhadores não têm poupança e financiamento suficiente, para comprar por esses preços absurdos. O imóvel que um assalariado poderia comprar há cerca de dois anos atrás, hoje já está fora de seu horizonte e, por óbvio, já está faltando comprador.

Por isso, as construtoras e financiadores estão pedindo ao governo para aumentar os limites dos financiamentos com recursos do FGTS (Globo, 12/06/11), buscando solução na adequação das condições destes aos preços do "mercado".

O governo deveria agir em sentido contrário, ou seja, exigir a adequação do preço do "mercado" aos limites dos financiamentos. Esse necessário endurecimento forçaria a baixa dos preços. Claro que, ao mesmo tempo, poderiam ser criados fatores proporcionais de redução nos contratos imobiliários, celebrados a partir de fins de 2008.

A par disso, seria salutar a punição severa desses depredadores de nossa economia ou a proibição da especulação com os preços dos imóveis.

De fato, devido a esse excesso de liberdade, esses inescrupulosos agentes do poderoso capital internacional, que estão na condução dessa puxada de preços, já causaram, também e em consequência,  a alta no preço da mão de obra, dos materiais de construção, dos aluguéis, dos serviços etc.

É claro que os assalariados já começaram a sentir o seu empobrecimento. O imóvel que  poderiam comprar ou alugar, há cerca de dois anos atrás, hoje já está fora de seu horizonte. Por óbvio que ceder aos especuladores, aumentando o limite de financiamento, causará uma nova alta dos preços dos imóveis e não evitará o crescimento das reivindicações por aumento salarial, podendo gerar uma "bola de neve" incontrolável e  pondo fim à razoável estabilidade dos preços que vivenciamos nos últimos anos.

 greve dos servidores do Judiciário, a dos bombeiros e as das demais categorias (tanto no serviço público como nas grandes empresas privadas), têm sido apenas exemplos do que está por vir, na luta pela recuperação do poder aquisitivo.

Recomenda-se moderação, para não comprometer o avanço da democracia, mas se o governo não agir com firmeza, todo o ganho obtido ultimamente poderá ir para o beleléu...

Pede-se ao governo, desde já, que poupe os aposentados, pois é sabido que estes, como sempre, serão os maiores prejudicados...

Fauzi Salmem
Rio de Janeiro, 14 de junho de 2011.