quinta-feira, 20 de junho de 2013

O MOVIMENTO DAS PASSAGENS

                                     O Supremo Tribunal ordenou que seja respeitado o direito dos manifestantes de bloquear as ruas,  para protestar contra a inflação e a corrupção (dentre outras mais variadas causas, inclusive contra a  baixa eficiência do Executivo, do Judiciário e do Legislativo), desde que pacificamente, assim garantindo o direito constitucional da reunião dos manifestantes. 
                                            
                                     Então, a liderança do Movimento, aproveitando este momento marcante na história do Brasil, poderia exigir, do Congresso, dentre outras reivindicações:
        - de leis que impeçam  o capital privado no financiamento das campanhas políticas,
      - de leis que determinem a prisão do criminoso diante da prova cabal do crime (nada de esperar o trânsito em julgado da sentença (isto só se aplica em casos duvidosos),
     - de leis que proibam os parlamentares e juízes de somente trabalharem três dias por semana (um absurdo tão grande, que foram apelidados de TQQ’s, pois a grande maioria só trabalha Terças, Quartas e Quintas, embora recebam para trabalhar os 5 dias da semana, com todos os direitos estatutários – o Congresso oficializou essa patifaria para os parlamentares, mas o CNJ tenta combater essa nefasta prática no Poder Judiciário)  e, ainda, de “enforcar" dias úteis em feriadões, com um Judiciário emperrado e um Congresso com centenas de projetos de leis e medidas provisórias para serem discutidas e votadas,
          - de leis que exijam demonstração na mídia de qualquer acréscimo no preço das obras públicas;          - de leis que impeçam os ganhos exorbitantes dos donos dos Planos de Saúde (Por que não um valor único para todos de uma mesma classe? Por que cobrar mais dos idosos?)      
          - de leis que regulamentem a cobrança de impostos sobre as grandes fortunas, conforme está previsto na Constituição, mas daquele sagrado papel nunca saiu por influência dos poderosos nos parlamentares, cujas candidaturas foram financiadas por eles (o governo e os parlamentares sempre foram “empregados” desses mandantes da economia),
       - de leis que impeçam os votos nulos e brancos de serem canalizados para os partidos, ajudando a eleger candidatos que foram negados por aqueles eleitores; isto é patifaria, admitida pela atual legislação que tem de ser revogada,      
      - de leis que proíbam os juros compostos embutidos na Tabela Price, que é utilizada para calcular as prestações de qualquer empréstimo, inclusive para a aquisição da casa própria,
       - de leis que impeçam a especulação com títulos lastreados em imóveis residenciais, alimentos e medicamentos.     
        - de leis que impeçam a remessa dos ilimitados lucros para as matrizes de empresas estrangeiras, determinando que sejam reinvestidos no Brasil (a globalização veio para favorecer as multicionacionais, que precisam de ser contidas em seu poder de chantagear com a retirada),
       -  de uma Emenda Constitucional,  a ser aprovada em 30 dias, no máximo, determinando a volta da limitação de qualquer juros bancários à taxa efetiva de até 12% ao ano, conforme estava no art. 192, da Constituição de 1988, mas que foi retirada pela Emenda 40, em 2003, votada pelos vendidos do Congresso, sem nenhum destaque pela mídia submissa,
         - que o Congresso  mantenha o poder do Ministério Público em investigar os atos que envolvam gastos do dinheiro público (tem sentido o preço de um contrato ser de 300millhões e terminar sendo de 1bi? ); claro que, fatos como esses,  requerem investigação rigorosa, denunciando, prendendo e exigindo a devolução do nosso dinheiro etc  etc.  
          
                                            E quanto ao Governo, principalmente o Ministro da Economia, que explique por que não agiu para conter o alta dos imóveis?   E se não agiu, também e até hoje, para diminuir as taxas de juros que os bancos cobram para financiar a indústria e o comércio (bem acima da taxa básica da Selic),  que o façam já, interferindo nessa interação espoliativa do consumidor, pois os empresários-produtores não contestam e repassam os juros para os preços das mercadorias, sem modificar o seu lucro. Essas têm sido causas de peso no crescimento dos preços, aliadas aos fatores circunstanciais, nacionais e internacionais. Se querem combater a inflação, então os governantes têm de deixar a hipocrisia de lado, atacando as reais causas dela e não ficar somente manipulando os índices que a medem e, ainda, querendo driblar os efeitos da recessão internacional, obedecendo aos "conselhos" (leia-se comandos) de Goldman Sachs, Lehman Brothers (estão de volta), Merryl Lynch, Morgan Guarantee etc, que manipulam a economia dos EUA, com reflexos em todo o mundo. Atualmente, esses "generais" de Wall Street e da Europa que ficam avaliando riscos de investimentos, taxas de crescimento etc, por meio de agências como a S & P,  como parecem estar orquestrando uma sinfonia em ré maior, influenciando os nossos submissos economistas, que não se importam em ferrar ainda mais o povo, desde que garantam o ganho dos ricos e beneficiem-se junto com eles...
                           
                                           Que expliquem e terminem, também, com a safadeza no sistema SUS, que aceita coniventemente custosos pacientes repassados pelos planos de saúde, sem que estes paguem as despesas. Que terminem com o constante deficit da Previdência e deixem de usar o seu dinheiro para  pagar juros da dívida pública. Que terminem com o covarde confisco imposto aos aposentados, que ganham mais de  um salário mínimo. Que expliquem o porquê de todas as obras do governo custarem sempre mais caro. Que resolvam o problema agrário. Que terminem com a precariedade da educação, da inoperância dos hospitais públicos, do não investimento em  pesquisa (por que teremos de esperar pelos royalties do pré-sal, ainda tão incipientes?)  etc etc. 

                                     Parabéns moçada!  Vocês são a esperança de um Brasil sério, que tenha governantes não comprometidos com os financiadores de suas eleições e que tenha força popular para garantir um futuro pacífico, produtivo e sustentável, onde as instituições públicas funcionem para o povo, e não somente para os atuais grupos dominantes.

                                               Não pensem que os pedidos e questionamentos, acima exemplificados,  surgiram em razão da degradação do Congresso ou do atual Governo, porque todos esses problemas são antigos, mas nunca foram resolvidos, porque os movimentos anteriores sempre objetivaram derrubar um governo para empossar outro,  mas sem nenhuma vontade política honesta de promover mudanças. Cito aqui, com louvor, o comentário do João Ubaldo Ribeiro; "Os partidos políticos não querem dizer nada e seus programas de televisão são um desfile obsceno de inanidades genéricas em que todos se manifestam a favor da justiça social, de melhor educação, melhor saúde e mais um farto e invariável bolodório, mas nenhum diz como chegar lá."
                                           
                                                Não ao fascismo, não aos partidos sem propostas concretas, não à violência de qualquer cor e viva o amor à grande empresa Brasil!